19/12/2010

Cães Com Medo de Trovões e Fogos


Amigos,

Estamos há menos de uma semana do Natal e, por isso, resolvi escrever algumas orientações para vocês, sobre como proceder se seus cães tiverem medo de barulhos altos, como os fogos, soltos em grandes quantidades nestas datas.

Há algumas medidas que podem ser tomadas para fazer o cão perder o medo de sons altos, como fogos e trovões ou, ao menos, atenuá-lo.

Uma das coisas que se pode fazer é expor o cão a gravações de sons dos quais ele tem medo, associando-os a coisas agradáveis como brincadeiras, carinhos e petiscos. Deve-se começar com um volume bem baixo, já que a audição do cão é muito sensível e, gradualmente, à medida que ele não exibir nenhuma reação de medo ao som naquela altura, ir aumentando o volume. Se o cão demonstrar medo, é sinal que o som ficou alto demais. Deve-se ter cuidado para isso não ocorrer, para se evitar que o cão associe aqueles estímulos positivos (as brincadeiras ou os petiscos), a algo que causa medo a ele. Se ele tiver exibido medo, volte ao som mais baixo e vá aumentando mais devagar, só fazendo-o quando tiver certeza que o cão já se acostumou a ele.

Uma outra coisa que se pode fazer é levar o cão para um lugar da casa que ele tenha escolhido para se abrigar, quando sentir medo. Se, por acaso, o cão não tiver um lugar escolhido, você pode levá-lo para um que seja mais protegido. Em ambos os casos, procure vedar frestas de portas e janelas, para abafar, pelo menos parcialmente, os sons. Procure acostumar o cão a ficar nesse ambiente, mesmo em momentos em que não haja os sons que lhe causam medo, dando atenção, carinho, brincando, dando petiscos, para que ele associe esse ambiente a coisas agradáveis e não à expectativa de ocorrerem os sons que lhe causam medo. Quando você estiver com o cão nesse ambiente, acostume-o, também, a ouvir sons bem altos, como de TV, rádio, CDs com músicas barulhentas, que possam ajudar a disfarçar os sons dos trovões ou fogos, de modo que ele não associe os sons inofensivos a estes.

Se você não tiver como isolar o cão, ou estes sons ocorrerm inesperadamente (como no caso daquele vizinho que solta fogos mesmo sem nenhuma razão especial ou daquela trovoada da tempestade que você não percebeu se formar), associe o som a uma coisa boa: faça festa, chame para brincar, dê petiscos. Porém, tenha cuidado para fazê-lo antes dele exibir qualquer reação de medo, senão você o estará premiando por sentir medo.

Mesmo que você tenha se assustado, procure não demonstrar para seu cão, senão ele achará que tem reais motivos para sentir medo. Outra coisa que o dono não deve fazer é se abaixar e acariciar o cão enquanto ele estiver demonstrando medo. Isso passará para ele a impressão que você também está com medo e, da mesma forma, entenderá que tem motivos para sentir. Se seu cão lhe considera o líder da sua matilha, essa atitude se torna ainda mais grave, pois ele pode entender esse se abaixar e acariciar, como uma tranferência da lideraça para ele, o que gerará mais insegurança para ele, pois o líder está mostrando que não tem condições de lidar com a situação e o cão, que já está assustado, está recebendo uma responsabilidade que não tem condições de assumir. Ao invés disso, procure passar segurança para o seu cão. Ande pela casa calmamente, próximo à janela e até no quintal, com passos firmes, com o peito estufado e um ar altivo, como se dissesse para o cão: "Está tudo sob controle, não precisa se preocupar.".

Em casos de cães mais assustados, que exibem reações físicas, como tremores, taquicardia, vômito, diarréia e até convulsões, é aconselhado, antes das datas previstas de grandes comemorações, como Natal, Ano Novo, partidas importantes de futebol,  levar o cão ao veterinário para que ele receite uma medicação para prevenir esses sintomas, como ansiolíticos e até anticonvulsivantes.

Espero ter conseguido ajudar aos amigos e visitantes com essas dicas e desejo que todos tenham um Feliz Natal e um 2011 maravilhoso, repleto de realizações.

Um abraço a todos,

Reginaldo Ribeiro.

12/12/2010

Manejo Emergencial das Intoxicações




Caros amigos e visitantes, 

O texto a seguir foi postado em minha comunidade de proteção animal, por uma amiga e médica veterinária, mas espero que vocês nunca precisem tomar as medidas indicadas a seguir.

Um abraço,

Reginaldo Ribeiro.


Manejo Emergencial das Intoxicações

Primeiramente eu gostaria de comentar sobre como devemos lidar com a exposição à substâncias nocivas externas. Os casos mais comuns costumam acometer os olhos e a pele.

Na irritação ocular, os olhos do paciente devem ser enxaguados com água ou solução salina por pelo menos 20-30 minutos. Após esse procedimento, geralmente utilizamos lubricantes oleosos e examinamos para possíveis danos à córnea. Como monitoramento, é importante verificar periodicamente por alterações como hiperemia (*vermelhidão), blefaroespasmo (*contração repetitiva e rítmica dos músculos da pálpebra), lacrimejamento e dor. Na exposição da pele, o paciente deve ser lavado e o produto mais comumente utilizado é o sabão de louça comum. Banhos devem ser repetidos para remover completamente o agente tóxico. É importante enxaguar bem o paciente com água morna para retirar todo o sabão. Para secar, pode-se utilizar toalhas aquecidas para manter uma temperatura constante e evitar hipotermia.

Mas o grande perigo está na ingestão de substâncias tóxicas. Existem diversos procedimentos para lidar com essa emergência. É importante lembrar que provocar emese (*vômito) não é sempre recomendável, especialmente quando se trata de substâncias corrosivas. Em casos onde existe a suspeita de ingestão de substâncias corrosivas, o ideal é tentar diluir o agente, e isso pode ser feito através da administração de água ou leite em combinação com demulecentes na dose de 1-3mg/kg.

Nos casos onde a emese é indicada, ela é mais eficaz quando realizada dentro de 2-3 horas após ingestão da substância tóxica. A emese geralmente esvazia 40-60% do conteúdo estomacal e assumimos que é mais eficaz do que a lavagem gástrica. Outro detalhe sobre induzir emese é que essa não deve ser provocada em roedores, coelhos, pássaros, cavalos e ruminantes. Deve-se evitar induzir emese quando se trata de agentes como bases, ácidos, corrosivos e hidrocarbonos. Condições pré-existentes também limitam a prática deste procedimento (animais com epilepsia, doenças cardiovasculares, debilitados ou que acabaram de passar por procedimentos cirúrgicos abdominais). Algumas substâncias tóxicas possuem efeitos anti-emético (fenotiazínicos, antihistaminicos, barbitúricos, narcóticos, antidepressivos e marijuana), nesses casos, induzir a emese pode ser dificultada.

Outro procedimento utilizado em caso de ingestão de agentes tóxicos é a administração de carvão ativado (de uso hospitalar). O carvão ativado ajuda a adsorver agentes químicos ou tóxicos, facilitando a excreção do mesmo via fezes. É geralmente utilizado quando o paciente ingere venenos orgânicos, químicos ou toxinas bacterianas. A dose recomendada para todas as espécies é 1-3 gms/kg. Pode ser repetida cada 4-8 horas na metade da dose. Esse tipo de procedimento não deve, no entanto, ser realizado caso haja suspeita de ingestão de materiais cáustico. Esse tipo de material não é absorvido e com isso o carvão ativado pode acabar mascarando severas lesões por queimaduras na boca e no esôfago. Existem outros agentes químicos que não costumam ser adsorvido eficazmente pelo carvão ativado (Etanol, metanol, fertilizantes, flúor, destilados de petróleo, metais pesados, iodo, nitratos, nitrito, cloreto de sódio e cloratos. Para aumentar a eficácia da eliminação do carvão ativado, pode-se usar catártico. Catárticos aceleram a eliminação do carvão ativado evitando que ocorra uma re-absorção do agente adsorvido pelo carvão. Porém, catárticos não devem ser usados em animais que apresentam diarréia ou que estejam desidratados.

Enemas também podem fazer parte dos procedimentos de emergência. Esse procedimento é útil na eliminação de toxinas provenientes do trato gastrointestinal. Carvão ativado pode ser utilizado como enema. O uso de soluções de enema pré-misturadas para uso humano é contraindicado para animais por causar distúrbios de desbalanceamento eletrolítico. Técnicas gerais de enema envolvem o emprego de água morna é sabão.

Lavagem gástrica não deve ser empregada em casos onde se suspeita de ingestão de destilados de petróleo. Essa técnica requer emprego de anestesia geral.

Lavagem enterogástrica pode ser necessária quando existiu uma exposição à agentes letais como estricnina, metaldeídos, antidepressivos ou fluoracil.

Com relação a agentes que podem ser utilizados na emergência para induzir vômito, existem vários, porém o mais comum é o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) 3%. A dose recomendada é 1 colher de chá (5ml)/2.5kg, e não se deve dar mais que 3 colheres de sopa (45ml). A água oxigenada causa vômito através de uma irritação gástrica leve. O vômito, geralmente, ocorre dentro de minutos.

Em ambiente hospitalar, a apomorfina é amplamente utilizada (cuidado com uso em gatos). Geralmente é administrada topicamente na conjuntiva. Raramente ocorre feitos adversos, mas se isso acontecer, esses efeitos podem ser revertidos com naloxone.

Escrito por Luiz Bolfer, DVM - University of Illinois - Veterinary Teaching Hospital

07/12/2010

Dicas Sobre Nutrição Canina




Por Que Alimentar Seu Cão Com Ração?

O cão é um animal que tem carências nutricionais diferentes das nossas, por isso sua dieta deve ser direcionada a atender essas necessidades. Quando alimentamos os cães com comida caseira, na grande maioria das vezes (quase sempre), não promovemos uma nutrição adequada. Por mais "sem graça" que possa parecer, a ração é, nesta maioria dos casos, a melhor opção. Por quê? 

Podemos dar alguns argumentos favoráveis ao uso de ração ao invés de comida caseira: 

1. Necessidades do Cão - Por mais variada que seja a comida do Rex, não conseguimos oferecer-lhe uma dieta completa e balanceada. Mesmo dando carne, legumes e ovos, ainda assim não conseguimos balancear esta ração; e macarrão, arroz e fubá não são comida de cachorro.

2. A Praticidade - Hoje em dia poucas pessoas têm tempo para fazer seu próprio almoço, muito menos a comida do cachorro. Para comprovar, basta-se observar que as vendas de comida congelada e desidratada têm aumentado de maneira significativa.

3. O Custo - Se colocarmos na ponta do lápis a despesa na elaboração de uma dieta para um cão, com: carne, ovos, legumes, complementos vitamínicos e minerais, e o trabalho que teremos adicionando cada ingrediente na medida certa para equilibrá-la. Comparado ao custo diário da alimentação a base de ração. Sem dúvida, a opção mais econômica será a ração (mesmo se esta for uma super-premium importada).


Onde Está a Diferença?

Nossos amigos peludos têm sua origem em outros canídeos selvagens, como os lobos, os chacais, os cachorros-do-mato... Estes animais, em vida livre, alimentam-se basicamente do que conseguem caçar ou, mais freqüentemente, das sobras de outros predadores (leões, leopardos...). E foi por este hábito que, os cães primitivos, se aproximaram dos homens primitivos, visto que o homem sempre foi um caçador até aprender a plantar e colher. Quando um canídeo se alimenta, come a carne, o pelo, a pele, os ossos, as vísceras e até o conteúdo intestinal das presas. E, respondendo à pergunta, o bom e velho Rex, precisa de uma dieta tão variada quanto a de seus parentes de vida livre, para que tenha uma vida saudável.


O Que Comprar?

No Brasil, hoje, temos diversos tipos de ração com qualidades diferentes. Para facilitar o entendimento, vamos classificá-los em três grupos. 

a) Rações Populares - São produtos mais baratos que existem no comércio. Normalmente, formuladas com subprodutos de milho, soja, farelo de algodão, etc. Tais ingredientes na ração de uma vaca, ou de um cavalo, seriam de excelente digestão, mas, voltando àquela historinha, nosso amigo é um carnívoro e precisa de proteína de origem animal, pronta a ser assimilada pelo seu organismo.

OBS.: Os vegetarianos de quatro patas têm a capacidade de transformar proteínas e carboidratos de baixa qualidade em "produtos mais nobres". Os cães e gatos precisam dos produtos nobres já prontos.


b) Rações "Standard" - São produtos de empresas de renome, na maioria das vezes, buscam através da mídia uma fatia maior do mercado consumidor. Por serem produtos de empresas maiores, têm um compromisso maior com a sua qualidade e são formuladas com ingredientes qualitativamente melhores que as rações populares. Contêm farinha de carne e ossos, glútem de milho, gordura animal, etc. Porém ainda não são "ideais" quanto à digestibilidade, porque se alcança o percentual de proteína com ingredientes de menor digestibilidade como a soja ou o glúten. Quanto ao custo, estão numa faixa intermediária de preços.

c) Rações Premium e Super Premium - São produtos de primeira qualidade, em nutrição canina, por isso mais caros. Têm sua formulação baseada em carne de frango, ovelha, peru... Porém, realmente carne, ou resíduos de abatedouro, como digestas de frango por exemplo. Tais ingredientes, de origem animal, têm maior digestibilidade, ou seja, o trato digestivo canino tem menos "trabalho" para metabolizá-los. Esta é outra característica das rações premium, como a digestibilidade é maior, o consumo diário de ração é menor (o que ameniza o preço da ração). Promovem, ainda, uma vida mais saudável. e reduzem o volume das fezes do animal.

As Rações super premium são assim classificadas a partir de um certo percentual de digestibilidade, o que pode variar de acordo com os interesses dos fabricantes, pois não há um "padrão" neste sentido. Como consumidor, para saber se a ração é de alta digestibilidade, ou não, basta analisar na embalagem os ingredientes que compõem a ração. As fontes proteicas devem ser de origem animal (carne de frango, carne de peru, digestas de frango, carne de ovelha, ovos, etc.). E as fontes de gordura também, ou pelo menos óleos vegetais nobres como, por exemplo, óleo de linhaça. Fontes proteicas vegetais como soja, glúten, etc. não têm alta digestibilidade. É bom desconfiar de produtos que têm em sua relação de componentes coisas como "carne de aves" (urubú também é ave / e de que parte da ave estão falando? Pena e bico são proteína pura e de baixíssima digestibilidade). O que pode aumentar a digestibilidade da ração é a presença de fibras de moderada fermentação (p.ex. polpa de beterraba branca), que aumenta a eficiência absortiva dos enterócitos. Outro ingrediente que melhora a digestibilidade são os F.O.S. (fruto oligo sacarídeos), que alimentam a microbiota intestinal, ou seja, beneficia o crescimento de "boas bactérias" no intestino, o que leva a uma melhor fermentação do bolo alimentar.

Resumindo, quando compramos uma ração para o amigo peludo, devemos estar atentos aos níveis de garantia (percentuais de proteína, gordura, etc. ) e a qualidade dos ingredientes. Por exemplo, uma ração para cachorro deve ter, no mínimo, 18% de proteína. O que é relativo porque carne é fonte de proteína e pena da galinha também. Carne é bem mais digerível que pena. Outro detalhe é o equilíbrio entre percentuais de proteína e gordura. Não é eficiente uma ração com 30% de proteína e 8% de gordura, nem outra com 18% de proteína e 20% de gordura.

Um quarto grupo de rações pode ser citado, as rações terapêuticas. Têm indicação clínica sendo auxiliares no tratamento de diversas enfermidades. Seu uso deve obedecer aos critérios do Médico Veterinário responsável pelo cão. 


Alguns Conselhos:

- Cadelas gestantes devem comer rações de filhote a partir do 30º dia até o fim da lactação. Esta prática reduz a chance de ocorrerem problemas futuros com a cadela prenhe. Além de aumentar sua vida reprodutiva.

- Os filhotes devem comer ração de filhote até atingir o tamanho adulto (o que varia de raça para raça )

- Cães de raças grandes devem receber dieta adequada, sem exageros, para um crescimento equilibrado e uniforme. Uma dieta reforçada demais pode trazer problemas de "calcificações indesejadas" no futuro.

- Os cães precisam de abrasão para seus dentes, portanto ofereça o que ele possa usar para isso. Esta medida é profilática a formação de tártaro, o que pode causar até a morte de seu cão. Por exemplo: o cão deve ter cotidianamente um osso, ou um brinquedo rígido, ou qualquer outro artifício para "escovar" seus dentes. Esta necessidade diminui à medida que o cão se alimenta apenas e tão somente de ração seca.

- Evite oferecer ao Rex petiscos do tipo: biscoito humano, pão, chocolate, pipoca... mesmo que ele goste muito. Estes alimentos estão freqüentemente envolvidos em casos de alergias alimentares, assim como macarrão, fubá e outros alimentos à base de amido. Essas alergias alimentares têm quadros variados que vão de simples coceira até feridas na pele e febre.

- A oferta de carne, somente, pode levar o cão problemas de raquitismo nutricional por causa do desequilíbrio entre Cálcio e Fósforo que ocorre em animais com este tipo de dieta.

- Uma ração de qualidade comprovada, preferencialmente as do tipo "premium", dispensam qualquer outra suplementação mineral ou vitamínica. E se for seca reduz a incidência de tártaro, dispensando, por vezes, o uso de abrasivos.

- Seu cão dificilmente enjoa da ração, simplesmente ele está satisfeito e não quer comer. Se ele está brincando normalmente, com sua vitalidade natural e ficar um dia ou outro sem comer não se assuste, permaneça oferecendo a mesma ração que você conscientemente escolheu para ele.

- Não existe ração ideal para todos os cães. Cada animal reage de uma maneira diferente. Tem cães que se adaptam perfeitamente a rações populares e outros que não se adaptam às super-premium. Por isso, a melhor pessoa para orientar sobre qual é a melhor opção de ração para cada cão é o médico veterinário que acompanha sua saúde. Ele é capaz de avaliar os parâmetros corretos e saber se a dieta é satisfatória para cada cão especificamente.

Guilherme Soares
Médico Veterinário