Amigos,
Reproduzo este artigo do Alexandre Rossi,
encontrado no site da sua empresa, a Cão Cidadão, com a intenção,
principalmente, de compartilhá-lo com os protetores de animais e representantes
de ONGs e abrigos para animais, para que todos reflitam a respeito das
considerações que ele faz.
Como o Alexandre cita no texto, eu sou um que
gostaria de adotar todos os animais abandonados e vítimas de maus-tratos, ou
qualquer tipo de sofrimento, do mundo. Assim como sei que a maioria dos
protetores e responsáveis por abrigos gostaria de fazê-lo. Provavelmente, se
eu tivesse um, dificilmente resistiria a recolher cada um que cruzasse o meu
caminho. Minha família peluda chegou ao “irresponsável” número de nove (eram
dez quando a Shana, minha cadelinha mais velha, era viva), por minha irmã e eu
não termos resistido a cuidar destas crianças. Mas, pensando pelo lado lógico
que o Alexandre explana muito bem, conseguir conter o ímpeto do coração e
recolher apenas o número de animais aos quais possa se dar alguma qualidade de
vida e, assim, apresentá-los saudáveis, em um ambiente que possa ser visitado
pelos possíveis adotantes, aumenta muito as chances de eles serem adotados.
Um abraço e boa semana,
Reginaldo.
Sucesso em abrigos para cães abandonados – Alexandre Rossi
Revista Cães & Cia, no.
323, abril de 2006.
A
problemática dos abrigos para animais abandonados é analisada por Alexandre
Rossi, que acumulou conhecimentos sobre eles estudando-os e visitando-os em
vários países, patrocinado pela Federação das Universidades para o Bem-Estar
Animal (UFAW).
Sonho de
criança
Amantes dos animais sofrem desde a infância ao vê-los abandonados. Muitos querem adotar todos os cães sem lar que existem! Mas a realização desse sonho passa por várias dificuldades. Consegue-se abrigar uma quantidade ínfima da população canina abandonada. Cães alojados juntos se envolvem em brigas que podem acabar em morte. Falta verba. Surgem problemas com vizinhos. Há dificuldade para conseguir um lar para os cães, etc. Sem ter uma idéia clara das dificuldades, dos problemas e das limitações, a realização desse sonho pode se transformar facilmente em pesadelo para todos os envolvidos.
Amantes dos animais sofrem desde a infância ao vê-los abandonados. Muitos querem adotar todos os cães sem lar que existem! Mas a realização desse sonho passa por várias dificuldades. Consegue-se abrigar uma quantidade ínfima da população canina abandonada. Cães alojados juntos se envolvem em brigas que podem acabar em morte. Falta verba. Surgem problemas com vizinhos. Há dificuldade para conseguir um lar para os cães, etc. Sem ter uma idéia clara das dificuldades, dos problemas e das limitações, a realização desse sonho pode se transformar facilmente em pesadelo para todos os envolvidos.
Sofrimento
com a melhor das intenções
É comum encontrarmos abrigos de cães em péssimas condições, sujos, com fezes e urina por toda parte, com excesso de cães para o espaço, com animais doentes sem tratamento e até sem ter o que comer. A princípio parece estranho, pois a idéia é salvar os animais e lhes dar vida digna. Portanto qual a explicação? Aprendi que a maioria das pessoas que investe no sonho de ter um abrigo sofre tanto em ver qualquer animal abandonado que não consegue deixar de resgatá-lo. A dor e a emoção dominam a lógica e mais um cão é levado para o abrigo. O raciocínio é que onde comem cinco, comem seis! Como o número de cães abandonados no Brasil supera a capacidade de qualquer abrigo, o "coração de mãe" (sempre cabe mais um) se torna uma armadilha. E, aos poucos, a superpopulação do abrigo passa a ser vista como normal.
É comum encontrarmos abrigos de cães em péssimas condições, sujos, com fezes e urina por toda parte, com excesso de cães para o espaço, com animais doentes sem tratamento e até sem ter o que comer. A princípio parece estranho, pois a idéia é salvar os animais e lhes dar vida digna. Portanto qual a explicação? Aprendi que a maioria das pessoas que investe no sonho de ter um abrigo sofre tanto em ver qualquer animal abandonado que não consegue deixar de resgatá-lo. A dor e a emoção dominam a lógica e mais um cão é levado para o abrigo. O raciocínio é que onde comem cinco, comem seis! Como o número de cães abandonados no Brasil supera a capacidade de qualquer abrigo, o "coração de mãe" (sempre cabe mais um) se torna uma armadilha. E, aos poucos, a superpopulação do abrigo passa a ser vista como normal.
Bola de
neve
Para piorar, quanto mais deteriorado for o estado dos cães no abrigo, mais difícil fica encontrar quem os queira adotar. Um local fedido, com cães doentes e machucados, pode repelir os interessados. O próprio responsável pelo abrigo fica constrangido e evita visitações. Às vezes, a pessoa que quer adotar um cão fica impedida de interagir com ele, pois as chances de saírem brigas com os demais são enormes.
Para piorar, quanto mais deteriorado for o estado dos cães no abrigo, mais difícil fica encontrar quem os queira adotar. Um local fedido, com cães doentes e machucados, pode repelir os interessados. O próprio responsável pelo abrigo fica constrangido e evita visitações. Às vezes, a pessoa que quer adotar um cão fica impedida de interagir com ele, pois as chances de saírem brigas com os demais são enormes.
Proposta
de alguns abrigos reconhecidos mundialmente
Em minhas visitas a abrigos de vários países, constatei nos "melhores" algumas semelhanças na maneira de agir e de pensar dos proprietários. Esses abrigos são tratados como "empresas", com diretrizes e missão bem claras. Atitudes que desviam a empresa da sua missão devem ser descartadas, pois podem prejudicar o projeto ao longo do tempo. A frieza para abrir mão de "salvar" mais um cão geralmente não combina com o temperamento dos fundadores do abrigo. Por isso, essas pessoas se associam a "administradores" que não podem perder de vista a qualidade mínima de vida desejada para os animais do abrigo. Os parâmetros de bem-estar, de população máxima, etc., devem ser fixos, caso contrário os limites se perdem aos poucos diante das novas situações. Entender a nossa fragilidade emocional e adotar atitude preventiva é fundamental para o sucesso do abrigo.
Em minhas visitas a abrigos de vários países, constatei nos "melhores" algumas semelhanças na maneira de agir e de pensar dos proprietários. Esses abrigos são tratados como "empresas", com diretrizes e missão bem claras. Atitudes que desviam a empresa da sua missão devem ser descartadas, pois podem prejudicar o projeto ao longo do tempo. A frieza para abrir mão de "salvar" mais um cão geralmente não combina com o temperamento dos fundadores do abrigo. Por isso, essas pessoas se associam a "administradores" que não podem perder de vista a qualidade mínima de vida desejada para os animais do abrigo. Os parâmetros de bem-estar, de população máxima, etc., devem ser fixos, caso contrário os limites se perdem aos poucos diante das novas situações. Entender a nossa fragilidade emocional e adotar atitude preventiva é fundamental para o sucesso do abrigo.
Missão
dos abrigos
Normalmente é consenso que os abrigos devem ser um lar provisório para animais com chance de ser adotados. Portanto a missão desses estabelecimentos é arrumar lar para o maior número possível de cães. Claro que não adianta o cão ser adotado para logo depois ser abandonado novamente ou ter vida pior do que a que levava no abrigo. Com o objetivo primordial claro, outras decisões ficam mais fáceis do ponto de vista lógico, o que não significa que a parte emotiva da sociedade não sofra cada vez que for impedida de trazer mais um cão para o abrigo.
Normalmente é consenso que os abrigos devem ser um lar provisório para animais com chance de ser adotados. Portanto a missão desses estabelecimentos é arrumar lar para o maior número possível de cães. Claro que não adianta o cão ser adotado para logo depois ser abandonado novamente ou ter vida pior do que a que levava no abrigo. Com o objetivo primordial claro, outras decisões ficam mais fáceis do ponto de vista lógico, o que não significa que a parte emotiva da sociedade não sofra cada vez que for impedida de trazer mais um cão para o abrigo.
Experiências
bem-sucedidas
Para conseguir maior número de adoções definitivas, os abrigos têm avaliado o temperamento e o comportamento dos cães e dos futuros proprietários, além de instruir estes últimos sobre cuidados básicos e problemas comuns. Pessoas que não têm firmeza, por exemplo, são aconselhadas a adotar cães com quase nenhuma tendência à agressividade. Em alguns lugares, como no abrigo Battersea, na Inglaterra, adotar um cão é semelhante a passar por uma entrevista de trabalho.
Para conseguir maior número de adoções definitivas, os abrigos têm avaliado o temperamento e o comportamento dos cães e dos futuros proprietários, além de instruir estes últimos sobre cuidados básicos e problemas comuns. Pessoas que não têm firmeza, por exemplo, são aconselhadas a adotar cães com quase nenhuma tendência à agressividade. Em alguns lugares, como no abrigo Battersea, na Inglaterra, adotar um cão é semelhante a passar por uma entrevista de trabalho.
As visitações aumentam quando o
ambiente é limpo e agradável. Alguns abrigos têm até quadros nas paredes, como
o Woodgreen Shelter, também na Inglaterra. Concluíram que quanto mais gostoso o
ambiente, maiores as chances de os cães serem adotados. Levar as crianças ao
abrigo é semelhante a levá-las ao zoológico -- podem ler histórias dos
cãezinhos, brincar com eles e até levá-los para passear. Obviamente, após essa interação
mais intensa, muitas adoções ocorrem.