19/12/2010

Cães Com Medo de Trovões e Fogos


Amigos,

Estamos há menos de uma semana do Natal e, por isso, resolvi escrever algumas orientações para vocês, sobre como proceder se seus cães tiverem medo de barulhos altos, como os fogos, soltos em grandes quantidades nestas datas.

Há algumas medidas que podem ser tomadas para fazer o cão perder o medo de sons altos, como fogos e trovões ou, ao menos, atenuá-lo.

Uma das coisas que se pode fazer é expor o cão a gravações de sons dos quais ele tem medo, associando-os a coisas agradáveis como brincadeiras, carinhos e petiscos. Deve-se começar com um volume bem baixo, já que a audição do cão é muito sensível e, gradualmente, à medida que ele não exibir nenhuma reação de medo ao som naquela altura, ir aumentando o volume. Se o cão demonstrar medo, é sinal que o som ficou alto demais. Deve-se ter cuidado para isso não ocorrer, para se evitar que o cão associe aqueles estímulos positivos (as brincadeiras ou os petiscos), a algo que causa medo a ele. Se ele tiver exibido medo, volte ao som mais baixo e vá aumentando mais devagar, só fazendo-o quando tiver certeza que o cão já se acostumou a ele.

Uma outra coisa que se pode fazer é levar o cão para um lugar da casa que ele tenha escolhido para se abrigar, quando sentir medo. Se, por acaso, o cão não tiver um lugar escolhido, você pode levá-lo para um que seja mais protegido. Em ambos os casos, procure vedar frestas de portas e janelas, para abafar, pelo menos parcialmente, os sons. Procure acostumar o cão a ficar nesse ambiente, mesmo em momentos em que não haja os sons que lhe causam medo, dando atenção, carinho, brincando, dando petiscos, para que ele associe esse ambiente a coisas agradáveis e não à expectativa de ocorrerem os sons que lhe causam medo. Quando você estiver com o cão nesse ambiente, acostume-o, também, a ouvir sons bem altos, como de TV, rádio, CDs com músicas barulhentas, que possam ajudar a disfarçar os sons dos trovões ou fogos, de modo que ele não associe os sons inofensivos a estes.

Se você não tiver como isolar o cão, ou estes sons ocorrerm inesperadamente (como no caso daquele vizinho que solta fogos mesmo sem nenhuma razão especial ou daquela trovoada da tempestade que você não percebeu se formar), associe o som a uma coisa boa: faça festa, chame para brincar, dê petiscos. Porém, tenha cuidado para fazê-lo antes dele exibir qualquer reação de medo, senão você o estará premiando por sentir medo.

Mesmo que você tenha se assustado, procure não demonstrar para seu cão, senão ele achará que tem reais motivos para sentir medo. Outra coisa que o dono não deve fazer é se abaixar e acariciar o cão enquanto ele estiver demonstrando medo. Isso passará para ele a impressão que você também está com medo e, da mesma forma, entenderá que tem motivos para sentir. Se seu cão lhe considera o líder da sua matilha, essa atitude se torna ainda mais grave, pois ele pode entender esse se abaixar e acariciar, como uma tranferência da lideraça para ele, o que gerará mais insegurança para ele, pois o líder está mostrando que não tem condições de lidar com a situação e o cão, que já está assustado, está recebendo uma responsabilidade que não tem condições de assumir. Ao invés disso, procure passar segurança para o seu cão. Ande pela casa calmamente, próximo à janela e até no quintal, com passos firmes, com o peito estufado e um ar altivo, como se dissesse para o cão: "Está tudo sob controle, não precisa se preocupar.".

Em casos de cães mais assustados, que exibem reações físicas, como tremores, taquicardia, vômito, diarréia e até convulsões, é aconselhado, antes das datas previstas de grandes comemorações, como Natal, Ano Novo, partidas importantes de futebol,  levar o cão ao veterinário para que ele receite uma medicação para prevenir esses sintomas, como ansiolíticos e até anticonvulsivantes.

Espero ter conseguido ajudar aos amigos e visitantes com essas dicas e desejo que todos tenham um Feliz Natal e um 2011 maravilhoso, repleto de realizações.

Um abraço a todos,

Reginaldo Ribeiro.

12/12/2010

Manejo Emergencial das Intoxicações




Caros amigos e visitantes, 

O texto a seguir foi postado em minha comunidade de proteção animal, por uma amiga e médica veterinária, mas espero que vocês nunca precisem tomar as medidas indicadas a seguir.

Um abraço,

Reginaldo Ribeiro.


Manejo Emergencial das Intoxicações

Primeiramente eu gostaria de comentar sobre como devemos lidar com a exposição à substâncias nocivas externas. Os casos mais comuns costumam acometer os olhos e a pele.

Na irritação ocular, os olhos do paciente devem ser enxaguados com água ou solução salina por pelo menos 20-30 minutos. Após esse procedimento, geralmente utilizamos lubricantes oleosos e examinamos para possíveis danos à córnea. Como monitoramento, é importante verificar periodicamente por alterações como hiperemia (*vermelhidão), blefaroespasmo (*contração repetitiva e rítmica dos músculos da pálpebra), lacrimejamento e dor. Na exposição da pele, o paciente deve ser lavado e o produto mais comumente utilizado é o sabão de louça comum. Banhos devem ser repetidos para remover completamente o agente tóxico. É importante enxaguar bem o paciente com água morna para retirar todo o sabão. Para secar, pode-se utilizar toalhas aquecidas para manter uma temperatura constante e evitar hipotermia.

Mas o grande perigo está na ingestão de substâncias tóxicas. Existem diversos procedimentos para lidar com essa emergência. É importante lembrar que provocar emese (*vômito) não é sempre recomendável, especialmente quando se trata de substâncias corrosivas. Em casos onde existe a suspeita de ingestão de substâncias corrosivas, o ideal é tentar diluir o agente, e isso pode ser feito através da administração de água ou leite em combinação com demulecentes na dose de 1-3mg/kg.

Nos casos onde a emese é indicada, ela é mais eficaz quando realizada dentro de 2-3 horas após ingestão da substância tóxica. A emese geralmente esvazia 40-60% do conteúdo estomacal e assumimos que é mais eficaz do que a lavagem gástrica. Outro detalhe sobre induzir emese é que essa não deve ser provocada em roedores, coelhos, pássaros, cavalos e ruminantes. Deve-se evitar induzir emese quando se trata de agentes como bases, ácidos, corrosivos e hidrocarbonos. Condições pré-existentes também limitam a prática deste procedimento (animais com epilepsia, doenças cardiovasculares, debilitados ou que acabaram de passar por procedimentos cirúrgicos abdominais). Algumas substâncias tóxicas possuem efeitos anti-emético (fenotiazínicos, antihistaminicos, barbitúricos, narcóticos, antidepressivos e marijuana), nesses casos, induzir a emese pode ser dificultada.

Outro procedimento utilizado em caso de ingestão de agentes tóxicos é a administração de carvão ativado (de uso hospitalar). O carvão ativado ajuda a adsorver agentes químicos ou tóxicos, facilitando a excreção do mesmo via fezes. É geralmente utilizado quando o paciente ingere venenos orgânicos, químicos ou toxinas bacterianas. A dose recomendada para todas as espécies é 1-3 gms/kg. Pode ser repetida cada 4-8 horas na metade da dose. Esse tipo de procedimento não deve, no entanto, ser realizado caso haja suspeita de ingestão de materiais cáustico. Esse tipo de material não é absorvido e com isso o carvão ativado pode acabar mascarando severas lesões por queimaduras na boca e no esôfago. Existem outros agentes químicos que não costumam ser adsorvido eficazmente pelo carvão ativado (Etanol, metanol, fertilizantes, flúor, destilados de petróleo, metais pesados, iodo, nitratos, nitrito, cloreto de sódio e cloratos. Para aumentar a eficácia da eliminação do carvão ativado, pode-se usar catártico. Catárticos aceleram a eliminação do carvão ativado evitando que ocorra uma re-absorção do agente adsorvido pelo carvão. Porém, catárticos não devem ser usados em animais que apresentam diarréia ou que estejam desidratados.

Enemas também podem fazer parte dos procedimentos de emergência. Esse procedimento é útil na eliminação de toxinas provenientes do trato gastrointestinal. Carvão ativado pode ser utilizado como enema. O uso de soluções de enema pré-misturadas para uso humano é contraindicado para animais por causar distúrbios de desbalanceamento eletrolítico. Técnicas gerais de enema envolvem o emprego de água morna é sabão.

Lavagem gástrica não deve ser empregada em casos onde se suspeita de ingestão de destilados de petróleo. Essa técnica requer emprego de anestesia geral.

Lavagem enterogástrica pode ser necessária quando existiu uma exposição à agentes letais como estricnina, metaldeídos, antidepressivos ou fluoracil.

Com relação a agentes que podem ser utilizados na emergência para induzir vômito, existem vários, porém o mais comum é o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) 3%. A dose recomendada é 1 colher de chá (5ml)/2.5kg, e não se deve dar mais que 3 colheres de sopa (45ml). A água oxigenada causa vômito através de uma irritação gástrica leve. O vômito, geralmente, ocorre dentro de minutos.

Em ambiente hospitalar, a apomorfina é amplamente utilizada (cuidado com uso em gatos). Geralmente é administrada topicamente na conjuntiva. Raramente ocorre feitos adversos, mas se isso acontecer, esses efeitos podem ser revertidos com naloxone.

Escrito por Luiz Bolfer, DVM - University of Illinois - Veterinary Teaching Hospital

07/12/2010

Dicas Sobre Nutrição Canina




Por Que Alimentar Seu Cão Com Ração?

O cão é um animal que tem carências nutricionais diferentes das nossas, por isso sua dieta deve ser direcionada a atender essas necessidades. Quando alimentamos os cães com comida caseira, na grande maioria das vezes (quase sempre), não promovemos uma nutrição adequada. Por mais "sem graça" que possa parecer, a ração é, nesta maioria dos casos, a melhor opção. Por quê? 

Podemos dar alguns argumentos favoráveis ao uso de ração ao invés de comida caseira: 

1. Necessidades do Cão - Por mais variada que seja a comida do Rex, não conseguimos oferecer-lhe uma dieta completa e balanceada. Mesmo dando carne, legumes e ovos, ainda assim não conseguimos balancear esta ração; e macarrão, arroz e fubá não são comida de cachorro.

2. A Praticidade - Hoje em dia poucas pessoas têm tempo para fazer seu próprio almoço, muito menos a comida do cachorro. Para comprovar, basta-se observar que as vendas de comida congelada e desidratada têm aumentado de maneira significativa.

3. O Custo - Se colocarmos na ponta do lápis a despesa na elaboração de uma dieta para um cão, com: carne, ovos, legumes, complementos vitamínicos e minerais, e o trabalho que teremos adicionando cada ingrediente na medida certa para equilibrá-la. Comparado ao custo diário da alimentação a base de ração. Sem dúvida, a opção mais econômica será a ração (mesmo se esta for uma super-premium importada).


Onde Está a Diferença?

Nossos amigos peludos têm sua origem em outros canídeos selvagens, como os lobos, os chacais, os cachorros-do-mato... Estes animais, em vida livre, alimentam-se basicamente do que conseguem caçar ou, mais freqüentemente, das sobras de outros predadores (leões, leopardos...). E foi por este hábito que, os cães primitivos, se aproximaram dos homens primitivos, visto que o homem sempre foi um caçador até aprender a plantar e colher. Quando um canídeo se alimenta, come a carne, o pelo, a pele, os ossos, as vísceras e até o conteúdo intestinal das presas. E, respondendo à pergunta, o bom e velho Rex, precisa de uma dieta tão variada quanto a de seus parentes de vida livre, para que tenha uma vida saudável.


O Que Comprar?

No Brasil, hoje, temos diversos tipos de ração com qualidades diferentes. Para facilitar o entendimento, vamos classificá-los em três grupos. 

a) Rações Populares - São produtos mais baratos que existem no comércio. Normalmente, formuladas com subprodutos de milho, soja, farelo de algodão, etc. Tais ingredientes na ração de uma vaca, ou de um cavalo, seriam de excelente digestão, mas, voltando àquela historinha, nosso amigo é um carnívoro e precisa de proteína de origem animal, pronta a ser assimilada pelo seu organismo.

OBS.: Os vegetarianos de quatro patas têm a capacidade de transformar proteínas e carboidratos de baixa qualidade em "produtos mais nobres". Os cães e gatos precisam dos produtos nobres já prontos.


b) Rações "Standard" - São produtos de empresas de renome, na maioria das vezes, buscam através da mídia uma fatia maior do mercado consumidor. Por serem produtos de empresas maiores, têm um compromisso maior com a sua qualidade e são formuladas com ingredientes qualitativamente melhores que as rações populares. Contêm farinha de carne e ossos, glútem de milho, gordura animal, etc. Porém ainda não são "ideais" quanto à digestibilidade, porque se alcança o percentual de proteína com ingredientes de menor digestibilidade como a soja ou o glúten. Quanto ao custo, estão numa faixa intermediária de preços.

c) Rações Premium e Super Premium - São produtos de primeira qualidade, em nutrição canina, por isso mais caros. Têm sua formulação baseada em carne de frango, ovelha, peru... Porém, realmente carne, ou resíduos de abatedouro, como digestas de frango por exemplo. Tais ingredientes, de origem animal, têm maior digestibilidade, ou seja, o trato digestivo canino tem menos "trabalho" para metabolizá-los. Esta é outra característica das rações premium, como a digestibilidade é maior, o consumo diário de ração é menor (o que ameniza o preço da ração). Promovem, ainda, uma vida mais saudável. e reduzem o volume das fezes do animal.

As Rações super premium são assim classificadas a partir de um certo percentual de digestibilidade, o que pode variar de acordo com os interesses dos fabricantes, pois não há um "padrão" neste sentido. Como consumidor, para saber se a ração é de alta digestibilidade, ou não, basta analisar na embalagem os ingredientes que compõem a ração. As fontes proteicas devem ser de origem animal (carne de frango, carne de peru, digestas de frango, carne de ovelha, ovos, etc.). E as fontes de gordura também, ou pelo menos óleos vegetais nobres como, por exemplo, óleo de linhaça. Fontes proteicas vegetais como soja, glúten, etc. não têm alta digestibilidade. É bom desconfiar de produtos que têm em sua relação de componentes coisas como "carne de aves" (urubú também é ave / e de que parte da ave estão falando? Pena e bico são proteína pura e de baixíssima digestibilidade). O que pode aumentar a digestibilidade da ração é a presença de fibras de moderada fermentação (p.ex. polpa de beterraba branca), que aumenta a eficiência absortiva dos enterócitos. Outro ingrediente que melhora a digestibilidade são os F.O.S. (fruto oligo sacarídeos), que alimentam a microbiota intestinal, ou seja, beneficia o crescimento de "boas bactérias" no intestino, o que leva a uma melhor fermentação do bolo alimentar.

Resumindo, quando compramos uma ração para o amigo peludo, devemos estar atentos aos níveis de garantia (percentuais de proteína, gordura, etc. ) e a qualidade dos ingredientes. Por exemplo, uma ração para cachorro deve ter, no mínimo, 18% de proteína. O que é relativo porque carne é fonte de proteína e pena da galinha também. Carne é bem mais digerível que pena. Outro detalhe é o equilíbrio entre percentuais de proteína e gordura. Não é eficiente uma ração com 30% de proteína e 8% de gordura, nem outra com 18% de proteína e 20% de gordura.

Um quarto grupo de rações pode ser citado, as rações terapêuticas. Têm indicação clínica sendo auxiliares no tratamento de diversas enfermidades. Seu uso deve obedecer aos critérios do Médico Veterinário responsável pelo cão. 


Alguns Conselhos:

- Cadelas gestantes devem comer rações de filhote a partir do 30º dia até o fim da lactação. Esta prática reduz a chance de ocorrerem problemas futuros com a cadela prenhe. Além de aumentar sua vida reprodutiva.

- Os filhotes devem comer ração de filhote até atingir o tamanho adulto (o que varia de raça para raça )

- Cães de raças grandes devem receber dieta adequada, sem exageros, para um crescimento equilibrado e uniforme. Uma dieta reforçada demais pode trazer problemas de "calcificações indesejadas" no futuro.

- Os cães precisam de abrasão para seus dentes, portanto ofereça o que ele possa usar para isso. Esta medida é profilática a formação de tártaro, o que pode causar até a morte de seu cão. Por exemplo: o cão deve ter cotidianamente um osso, ou um brinquedo rígido, ou qualquer outro artifício para "escovar" seus dentes. Esta necessidade diminui à medida que o cão se alimenta apenas e tão somente de ração seca.

- Evite oferecer ao Rex petiscos do tipo: biscoito humano, pão, chocolate, pipoca... mesmo que ele goste muito. Estes alimentos estão freqüentemente envolvidos em casos de alergias alimentares, assim como macarrão, fubá e outros alimentos à base de amido. Essas alergias alimentares têm quadros variados que vão de simples coceira até feridas na pele e febre.

- A oferta de carne, somente, pode levar o cão problemas de raquitismo nutricional por causa do desequilíbrio entre Cálcio e Fósforo que ocorre em animais com este tipo de dieta.

- Uma ração de qualidade comprovada, preferencialmente as do tipo "premium", dispensam qualquer outra suplementação mineral ou vitamínica. E se for seca reduz a incidência de tártaro, dispensando, por vezes, o uso de abrasivos.

- Seu cão dificilmente enjoa da ração, simplesmente ele está satisfeito e não quer comer. Se ele está brincando normalmente, com sua vitalidade natural e ficar um dia ou outro sem comer não se assuste, permaneça oferecendo a mesma ração que você conscientemente escolheu para ele.

- Não existe ração ideal para todos os cães. Cada animal reage de uma maneira diferente. Tem cães que se adaptam perfeitamente a rações populares e outros que não se adaptam às super-premium. Por isso, a melhor pessoa para orientar sobre qual é a melhor opção de ração para cada cão é o médico veterinário que acompanha sua saúde. Ele é capaz de avaliar os parâmetros corretos e saber se a dieta é satisfatória para cada cão especificamente.

Guilherme Soares
Médico Veterinário

09/11/2010

Animais de Estimação e Equilíbrio Psicológico

Nos lares italianos há cerca de 7,4 milhões de gatos, 6,9 milhões de cães, 1,8 milhão de roedores e outros mamíferos não identificados, 13 milhões de pássaros e 1,4 milhão de outros animais, provavelmente serpentes, iguanas, aranhas e similares. E há ainda 29 milhões de peixes. Essa é a estimativa do Centro de Estudos Zoomark, em relatório sobre o mercado italiano de produtos para animais, apresentado em 2004.

É natural perguntar as razões da existência desses milhões de animais de estimação (pet em inglês, do verbo to pet, afagar, acariciar) e investigar os mecanismos sociais e psicológicos que nos levam a viver com cães, gatos e outros bichos. Os sociólogos mostraram que o fenômeno ocorre associado à urbanização, à difusão da higiene (água e sabão para todos), ao bem-estar generalizado e à alfabetização em massa. Esse fenômeno social, típico da sociedade moderna, passou a envolver também, nos últimos tempos, metrópoles orientais: em Bangcoc, por exemplo, realizaram-se em 2003 duas convenções dedicadas aos bichos de estimação.

Outro fator contemporâneo que parece explicar a pacífica invasão desses animais em nossas vidas é a mudança na estrutura familiar. A família ampla, com vários filhos, avós, parentes e empregados deu lugar à família restrita, com o casal, dois filhos (se tanto), raros avós e nenhum parente.

E há ainda os solteiros, inúmeros segundo as estatísticas sobre núcleos familiares compostos por uma única pessoa (em geral, viúvas). Daí a interpretação de que os animais substituiriam outros afetos mais importantes, o discurso sobre a alienação da cidade e a solidão dos idosos. Esses lugares-comuns, disseminados pelos meios de comunicação, são contestados pelos especialistas.

Segundo a psicóloga e psicanalista Barbara Alessio, "a relação com os animais é uma exigência profunda e autêntica dos seres humanos, com características próprias. Poderíamos falar de uma 'pulsão zoófila', isto é, de uma antiga inclinação para estabelecer relações com outras espécies.

Pode ocorrer, é claro, que o vínculo com um animal esteja substituindo outras necessidades, mas trata-se de uma distorção que pode ocorrer também em outras relações e atividades".

Cabe salientar ainda os progressos da medicina veterinária, que permitiram eliminar ou controlar as zoonoses (as patologias comuns a humanos e animais), eliminado assim o "medo de doença", que até pouco tempo tornava problemática a relação. Adriano Mantovani, do Centro de Colaboração OMS/FAO para a higiene urbana, recorda que "a raiva foi erradicada da Itália em 1973. Essa data marca o fim da época de indisposição com os animais e o início de um novo período, o da convivência. Antigamente, a relação com os animais de estimação, sobretudo os cães, era caracterizada pelo medo da raiva e de zoonoses, devido à cultura higiênica típica do fim do século XIX e início do XX. Nos últimos anos, porém, passamos para uma terceira fase, marcada pela promiscuidade: os animais de estimação deitam em nossas camas e sobem na mesa de jantar".

O entomólogo e sociobiólogo Edward O. Wilson estudou a atração humana pelos animais. De fato, ele fala em biofilia, ou amor pela vida, algo que não se limita a animais, mas se estende às plantas e aos ambientes naturais. Com essa expressão Wilson pretende assinalar o gosto humano inato pelos seres vivos e processos vitais.

Dito dessa forma parece tratar-se de um conceito vagamente sentimental, até mistificador. Na realidade, suas raízes são bem materiais e envolvem nossa história evolutiva. Desde sempre, os seres humanos conviveram e interagiram com os animais: mais precisamente, desde o tempo em que éramos caçadores e coletores e principalmente a partir da domesticação, um dos eventos mais significativos da história humana, iniciado há cerca de 10 mil anos. Segundo o veterinário Giovanni Ballarini, "se é verdade que o ser humano iniciou a domesticação e o animal se deixou domesticar, ao final é o animal domesticado que transforma a sociedade dos homens". A relação, também conflituosa, com os animais - nem a caça nem o treinamento são relações de "amor" - é uma constante na vida dos seres humanos em todas as épocas.

Mas as espécies e a situação mudaram, principalmente a proporção demográfica. Durante milênios e até poucos séculos atrás, os humanos eram minoria em relação a outras espécies vertebradas; agora, invadiram todo o planeta. Mudaram ainda os sistemas de produção: os bois foram substituídos por tratores e os cavalos por automóveis. E quase ninguém espera sobreviver comendo aquilo que caça.

As sociedades evoluem e, assim, cada época tem seus animais de estimação e seus problemas. Se hoje tememos a mordida de um pitbull, na Idade Média as crianças eram agredidas por porcos que perambulavam pelas ruas, como testemunham os vários processos ocasionados por esses animais durante séculos. No outro lado do mundo, os chineses já gostavam de peixes vermelhos desde 1200 e selecionaram os tipos brancos, os vermelhos com manchas amarelas, os listrados e bem pequenos e os com três caudas ou olhos protuberantes. Quanto a nós, só nos últimos decênios trouxemos para nossas casas e apartamentos (fenômenos ainda mais recente) cães, gatos e outros animais.

Não se trata, portanto, de uma "degeneração moderna", mas da adaptação a novas circunstâncias de um hábito antigo e difuso. Vale citar a clara explicação de Bruce Fogle, veterinário, ensaísta e fundador da Hearing Dogs for the Deaf, sociedade que adestra cães para pessoas surdas: "Os animais são parte integrante das culturas de todo o mundo, independentemente do grau de civilização alcançado. Para a maioria dos europeus e americanos, os únicos animais com que entram em contato são os de estimação, isto é, cães e gatos, os últimos elos de uma cadeia animal ligada a um passado que deixamos para trás apenas recentemente, quando nossos pais trocaram o campo pela cidade. Compartilhar o ambiente com outros animais é algo que tem raízes profundas na evolução da sociedade humana e foi com base nesse hábito que se desenvolveu nosso renovado interesse por animais de estimação".

Essa característica da natureza humana ajuda também a compreender a eficácia da pet therapy, a inserção de um animal de estimação no programa de cura e assistência a pessoas ou grupos com problemas físicos, psicológicos ou sociais, controlado e acompanhado por médicos, psicólogos e veterinários. Seria mais correto chamá-la de animal-assisted therapy - em português, terapia assistida por animais .

Esses "companheiros de tratamento" são quase exclusivamente cães e gatos, pois outras espécies, como macacos e papagaios, suscitam problemas de ordem moral e de preservação. O critério fundamental para que se possa falar de pet therapy é que o animal não seja apenas uma útil prótese "física" - como no caso de cães para cegos - mas se torne um "amigo", um companheiro de vida: deve ser criado um vínculo afetivo que desenvolva uma dinâmica psicológica positiva. As emoções, como sabemos, têm base bioquímica e incidem sobre processos cerebrais.

Um experimento famoso, realizado há cerca de 20 anos, mostrou que acariciar e falar a um gato reduz a pressão arterial. Pesquisas recentes parecem indicar que tais práticas aumentam também os níveis cerebrais de serotonina. Em muitos países, cães e gatos estão presentes em hospitais, escolas e manicômios, em terapias ou como simples companheiros. A mesma iniciativa é aplicada em presídios, para melhorar o ambiente e o convívio entre os detentos. Em Alcatraz (1962), de John Frankenheimer, um condenado criava canários e se tornava uma autoridade no campo da ornitologia. O filme lançou a idéia e, como recorda Ballarini, nos Estados Unidos, "desde 1978 as pesquisas sistemáticas sobre o uso de animais em manicômios criminais e prisões têm revelado que a prática atenua as tensões psíquicas e reduz a agressividade".

Mais recentemente, em 2003, na Universidade de Tel Aviv, realizou-se um experimento de laboratório para avaliar se fazer carinho num animal de estimação reduzia a ansiedade. A causa desta última era outro animal, mas pouco apreciado: uma tarântula. As pessoas submetidas ao teste eram 58. Os animais à disposição delas, nas várias sessões, incluíam um coelho, uma tartaruga, além de coelhos e tartarugas de brinquedo. O resultado foi que, ao acariciar os animais de verdade, até mesmo a rígida tartaruga, a ansiedade foi reduzida, inclusive nas pessoas que não eram particularmente afeiçoadas a bichos; os animais de brinquedo, porém, não geraram o mesmo efeito.

Resultados positivos também foram obtidos, em várias partes do mundo, com crianças com dificuldades de aprendizagem, idosos depressivos e doentes físicos e/ou mentais. Um episódio significativo é contado por Barbara Alessio. Uma jovem mulher que sofria de graves problemas psíquicos estava internada em um hospital psiquiátrico após a morte da mãe. Ela não falava com ninguém havia meses, até que um dia, por acaso, encontrou Asia, a cadela da psicóloga que trabalhava, justamente, em terapias assistida com animais. A jovem saiu então de seu longo mutismo, solicitando informações sobre a cachorra. O episódio é recente, mas lembra o que ocorreu ao psiquiatra infantil Boris Levinson, há quase 50 anos. O ocorrido foi para ele um momento exemplar, quase uma iluminação: um paciente, uma criança com graves problemas de comunicação, chegou para a consulta marcada. Naquele dia, o cão do médico estava sob a mesa e a criança se pôs a falar com o animal, exprimindo também emoções.

O aspecto terapêutico e pedagógico da relação com os animais não passou despercebido às autoridades italianas. Em fevereiro de 2003, foi aprovado um acordo entre o Ministério da Saúde e as várias regiões sobre "o bem-estar dos animais de estimação e a pet therapy", para "promover iniciativas voltadas a favorecer uma correta convivência entre as pessoas e os animais de estimação, respeitando as regras sanitárias, ambientais e o bem-estar dos animais". O acordo salienta, entre outras coisas, que é preciso "assegurar o bem-estar dos animais, evitando castigos diretos e indiretos e favorecendo o desenvolvimento de uma cultura de respeito pela dignidade deles, inclusive no âmbito da inovadora terapia animal". De fato, o bicho pode sofrer em tais terapias. Maus-tratos e outros abusos são indícios de que nem tudo vai bem, sobretudo para os animais, que não têm como se defender. Como já se notou, milhares de animais são abandonados todos os anos ou até eliminados porque apresentam transtornos de comportamento: na realidade, estes são ocasionados pelo comportamento equivocado dos donos.

A relação com os animais é feita de amor, mas o amor, muitas vezes, é equívoco, ambíguo, uma mistura de dominação e afeto. Camilla Pagani, do Instituto de Ciência e Tecnologia da Cognição do CNR, também estudou o lado obscuro da relação com os animais de estimação: "A pesquisa psicológica, realizada sobretudo nos meios anglo-saxões, mostrou que a violência contra os animais está, freqüentemente, associada a transtornos psicológicos, em particular a atitudes e comportamentos agressivos em relação a pessoas. Além disso, essa violência pode ser indicador de situações familiares e ambientais problemáticas, caracterizada, conforme o caso, por violência física, psicológica ou abuso sexual". Compreender o porquê dessa deterioração pode ajudar os envolvidos, sobretudo os animais, que, do contrário, estarão condenados a um triste destino.


Revista Viver Mente e Cérebro

02/11/2010

Estresse


Não é apenas o ser humano que pode sofrer de estresse. Essa palavra, tão comumente usada nos dias atuais, não é nenhuma novidade no mundo animal. 

Sob condições adversas, tais como: transporte, mudança de ambiente ou na rotina da casa, morte do dono ou na família e viagens, os animais podem reagir com mudanças fisiológicas e/ou comportamentais.

Alguns animais apresentam diarréias quando voltam do banho em petshops. Por melhor que seja o tratamento oferecido, para esses animais a situação gera estresse capaz de causar-lhes diarréia. Nesses casos, é aconselhável que o dono acompanhe o animal durante o banho. 

A introdução de um novo animal na casa pode ser um fator estressante para outro que já viva no ambiente, independente da espécie. A reação pode ser comportamental, com sinais que vão da agressividade à apatia, ou fisiológicos, com vômitos, diarréia ou perda de apetite.

A morte do dono é uma situação extremamente estressante. Muitos animais se recusam a comer por vários dias e perdem o interesse por tudo que os cercam. Há casos em que o animal chega a adoecer e até mesmo morrer, logo após a morte de seu dono. Notamos que esses animais não demonstram reação positiva ao tratamento, nos dando a impressão de total desinteresse por viver.

Em cães e gatos, a ausência do dono, diminuição do tempo ou frequência dos passeios, mudança de um empregado da casa, obras ou reformas ou situações em que o dono passa menos horas com o animal, podem causar estresse.

Na maioria dos casos, retirando-se a causa do estresse, o animal volta à sua vida normal. O estresse não é uma "doença" nos animais, mas um estado bastante comum. Ele pode sim gerar queda de resistência no organismo e levar a uma doença.

O estresse não pode servir de diagnóstico antes de eliminarmos todas as outras prováveis causas que levem a mudanças no comportamento e fisiologia. Nem todo o animal que está "diferente", está estressado; ele pode estar doente. Por isso, não deixe de procurar o veterinário.

(Silvia Parisi - Médica Veterinária)

13/10/2010

A Linguagem Canina - Final

Conclusão do artigo "A Linguagem Canina", adaptado do cinólogo e adestrador Bruno Tausz.



Expressão Corporal

Sinais, gestos e rituais

    A expressão corporal é uma das formas de comunicação muito usada tanto pelos cães quanto pelos treinadores, tentando comunicar-se.

    Nós, humanos, temos uma certa facilidade de interpretar certos movimentos da cauda e das orelhas, posição do dorso, expressão dos olhos e alguns trejeitos da boca.

    A expressão corporal revela uma infinidade de coisas diferentes. Mais uma vez, os assuntos principais são sociais.

Ficar empinado, com membros rígidos, movimento lento à frente e em curva, com as orelhas dobradas para trás: ritual de estudos dos contendores durante o desafio pela liderança. Normalmente um se movimenta em direção à cauda do outro.

Ficar empinado, corpo levemente inclinado à frente e orelhas dobradas para trás: o combate é iminente.

Arrepiar os pêlos na cernelha (ombros) e garupa - o cão está com muito medo. Sua reação vai depender diretamente do nível de coragem para enfrentar esse medo. Ele poderá partir para o enfrentamento, baixar a cabeça e render-se ou fugir.

Deitar sobre o dorso e dormir de barriga para cima (decúbito dorsal) - revela segurança, tranqüilidade, paz e confiança nas pessoas e no ambiente em que se encontra.

Deitar enrolado sobre si mesmo como se estivesse tentando abraçar a cauda e as patas - o cão está com frio, procurando aquecer as extremidades.

Deitar de bruços com a barriga totalmente encostada no solo, todo esticado e com as patas para trás (decúbito ventral) - o cão está com calor, procurando refrescar a barriga.

Rodar em torno de si próprio e olhar para o solo - ritual antes de defecar ou para deitar-se. Na floresta o lobo precisava rodar para amassar o mato antes de defecar, evitando assim que algo o incomodasse durante o ato. O cão está, instintivamente, amassando o mato para afofa-lo (mesmo em piso de cimento) para deitar-se ou para evitar que algo no terreno o ferisse.


Gestos e atitudes

Lamber - é o gesto canino comparável ao nosso beijo. Revela o nível do afeto que o cão lhe dedica, revela também o reconhecimento de alguma atitude sua. Agradecimento.

Cutucar com o focinho - essa atitude revela uma tentativa de conseguir sua atenção, um carinho. A cutucada com a patinha tem quase a mesma conotação. 

Cutucar com as patas - normalmente de duas em duas. Pode ser na nossa perna, ou se estivermos deitados, em qualquer lugar. Os cães, com esse gesto, estão quase que exigindo nossa atenção. Se essa cutucada for na porta, tem a mesma conotação da nossa batida na porta: permissão para entrar ou sair.

Pisar no seu pé - quando você estiver adestrando o seu cão, em determinado momento ele pisa seu pé e permanece pisando. Com isto ele estaria aceitando a sua liderança.

Morder o calcanhar - é uma reação típica do cão em atitude de brincadeira, querendo que você não vá embora.

Puxar a guia com os dentes - tomar a guia pelos dentes e puxar, também tem uma conotação de brincadeira de cabo de guerra. Se você puxar também para tomar a guia de volta, no entendimento do cão, você acaba de aceitar a brincadeira.

Abaixar a frente, com as patas anteriores estendidas, garupa para cima e a cabeça próxima ao solo - convite à brincadeira. Qualquer movimento do outro cão ou pessoa ele sai em disparada dando voltas em torno como se desafiasse você a pegá-lo; seu cão está querendo que você corra atrás dele. Muitas vezes essa atitude é confundida com falta de respeito e muitos cães apanham por querer brincar.

Lamber o focinho do outro cão - é um ritual de submissão. Quer dizer, mais ou menos: “deixa disso amigo, não quero brigas”.

Cheirar a genitália do outro cão - é um ritual de conhecimento. Através do cheiro do sexo eles sabem se devem ou não prosseguir com a disputa da liderança ou, se o outro permitir, funciona como uma apresentação.

Virar de barriga para cima - ritual de submissão e liderança. Oferecer o ventre é o mesmo que se render. Aceita o outro como líder sem discutir.

Colocar a pata no pescoço do outro cão - é um gesto de assunção de liderança, desafio. Se o outro aceitar reconhece a sua superioridade. Se não aceitar haverá a disputa.

Colocar seu queixo sobre o pescoço do outro cão - tem a mesma conotação de colocar a pata no pescoço.

Montar sobre outro cão de mesmo sexo - dentro dos rituais de submissão e apaziguamento é o mais importante e mais definitivo. Se o outro permitir é considerado submisso. Caso contrário haverá uma disputa da liderança.

Deitar de lado e abrir as pernas exibindo o ventre - submissão e apaziguamento. O cão está tentando pacificar os ânimos revelando que não deseja lutar.

Abaixar a cabeça e lamber de baixo para cima, insistentemente, o focinho de outro cão - ritual de submissão e apaziguamento. É um pedido de desculpas, de trégua.

Dar a patinha – também é uma maneira de solicitar paz e um gesto amistoso de apaziguamento.

Cheirar um determinado local e, em seguida, esfregar o focinho e a cabeça nele - comportamento atávico de defesa contra picadas de insetos. O cão está tentando transferir o cheiro, normalmente ruim, para si objetivando sua proteção. É bom esclarecer que o cão não tem consciência da finalidade deste comportamento, mas sente uma necessidade incontrolável em fazê-lo.

Cavar buracos para deitar-se dentro - o cão está com calor e cava para encontrar uma camada de terra mais fresca.

Cavar buracos para enterrar um osso - é um processo duplo:
1. esconder o osso dos outros para comê-lo, tranqüilamente, mais tarde.
2. promover a maturação da carne nele contida. Na França, costuma-se enterrar bifes por uma semana para que fiquem maturados para depois serví-los.

Mordiscar - é um ato afetivo, carinhoso. Os cães gostam de brincar com nossas mãos. Eles têm um fascínio especial por elas. Os cães não têm mãos. Eles pegam e manejam as coisas com a boca, assim o ato de mordiscar sem machucar é um gesto de carinho.

Enfiar sua cabeça sob a mão do dono - está pedindo carinho. Este gesto é muito comum e quase todo dono de cachorro já teve essa experiência.

Colocar a pata sobre a perna do dono - está pedindo um pouco de atenção. Ele pode estar querendo comunicar-se: pedir alguma outra coisa, ir na rua, beber água, fome etc.

Sentar-se com uma das patas anteriores levemente levantada - esse gesto é típico de quem está querendo se comunicar. Está tentando dizer que quer que você pare com o que estiver fazendo porque está inseguro.

Urinar - gesto carregado de significados outros além daquele da simples necessidade fisiológica. Urinando, o cão pode estar marcando seu território, desafiando um adversário, deixando seu rastro para as fêmeas ou expressando seu desprezo. Os machos urinam para demarcar seus limites. Urinam, também, sobre a urina de outros machos para desafiá-los e para sobrepor seu odor ao deles. Urinam sobre a urina de fêmeas para convidá-las ao jogo. Às vezes urinam até sobre outro cão para mostrar superioridade hierárquica e desprezo. Já vimos cães urinarem sobre de seus próprios donos por prazer e por desafio.

Defecar - além das necessidades fisiológicas, as fezes têm uma conotação de desaforo, má criação e pirraça (ética humana). Há cães que ficam tão aborrecidos por seus donos terem saído sem levá-los que defecam sobre a cama do casal.

    Estas formas talvez rudimentares de linguagem removem o cão da sua tradicional classificação de animal irracional. Já não se pode dizer: “Meu cão só falta falar!”.

    É claro que os cães jamais irão falar como um ser humano, mas já está óbvio que existe um conjunto enorme de elementos que nos fornecem a certeza de que os cães possuem uma forma de linguagem. Somos nós que conseguimos ou não compreender o modo canino de se expressar, de se comunicar com o mundo, com os outros animais e conosco.

Bruno Tausz

09/10/2010

A Linguagem Canina - Parte 3

Continuação do Texto "A Linguagem Canina".

A Linguagem Transmissiva do Cão


Os Sinais

    O latido dos machos é diferente do das fêmeas. É um latido grave, potente e imponente.

    Pelo latido, os cães revelam sua satisfação, temor, discordância, alarme e seus desejos. É um sinal através do qual, pela variação de entonação, transmitem as suas sensações a seus semelhantes a consemelhantes.

    Essas sensações podem ser provocadas por qualquer evento estranho, pela percepção de perigo iminente ou por um convite à participação. São os sinais mais facilmente por nós compreendidos dada à sua semelhança com a nossa voz.

    Para os cães, que têm uma aguçadíssima acuidade visual para movimentos, qualquer acontecimento que evoque o atavismo selvagem é motivo de alarme: um gato que passa, um homem que corre, um carrinho de brinquedo que se movimenta. Os cães adoram uma janela. Os rituais de fuga (correr) despertam, naturalmente, o instinto de caça.

    É muito comum observar-se que dentro do seu automóvel (território móvel), os cães ladram para outros cães, para uma vaca ou um cavalo, para caminhões e ônibus que passam em sentido contrário. O que não é comum é percebermos que o ronco do motor de um caminhão ou ônibus passando em sentido contrário tem exatamente a mesma freqüência sonora de outro cão que rosna para atacar.

    Os cães tentam comunicar-se conosco utilizando a voz, sinais e gestos. A forma com que eles se comunicam depende do porte e da raça.

    Os cães comunicam-se em torno de três temas principais:
1. Suas emoções.
2. Suas pretensões sociais: hierarquia e territorialidade.
3. Suas necessidades e desejos.
    No tema necessidades, o relacionamento com os humanos facilitou o aprendizado por causa do adestramento.


Verbalizações

    Cinco variáveis indicam ou modificam o significado sonoro na voz dos cães:
1. Volume: alto, médio ou baixo.
2. Tonalidade: graves ou agudos. Essa variável depende também do porte da raça: cães pequenos têm o latido mais agudo e estridente, os de maior porte têm latidos mais graves.
3. Tempo de duração: medido em segundos.
4. Número de repetições: de cada som.
5. Freqüência das repetições: espaço de tempo entre cada repetição.


    Os fatores que provocam essas variações são emocionais:

Excitação e nervosismo:
- Volume: os latidos tendem a ser mais altos,
- Tonalidade: os latidos tendem a ser mais agudos,
- Tempo de duração: os latidos tendem a ser mais longos,
- Número de repetições: os latidos tendem a ser mais repetitivos,
- Freqüência das repetições: os intervalos entre as repetições tendem a ser mais curtos. Aumento da quantidade de repetições por minuto.
Os cães mais tranqüilos reagem de maneira oposta.

Com os humanos acontece algo semelhante:
Uma pessoa nervosa tende:
- a falar mais alto,
- a falar mais fino,
- a falar mais tempo,
- a repetir mais as palavras,
- a falar mais rápido.


Padrões de latidos:

De um modo geral:
Latidos com intervalos longos "waof... ± 15”... waof... ± 15”... waof...":  +/- 15 segundos - o cão está pedindo algo: água, comida ou quer passear, abrir a porta para ele entrar ou sair etc.

Latidos com intervalos médioswaof...3”... waof... 3”... waof...":  +/- 3 segundos, com as orelhas para trás o cão está dando um alarme que algo estranho está acontecendo: um ruído estranho, alguém mexendo na porta ou passando de forma suspeita, um estranho se aproximando etc.

Latidos com intervalos curtos waof, waof, waof, grrr, waof, waof, waof, grrr, waof, waof,": ininterruptos e insistentes, com rosnados intermitentes, exibindo os dentes, com as orelhas para trás o cão está pronto para atacar em procedimento de defesa de territórios e entes queridos.

    Os cães jovens utilizam um latido festivo, meio gritado, que pode ser acompanhado de corridinhas em volta, para um convite à brincadeira. Esse tom é facilmente reconhecido e sem nenhum conteúdo agressivo ou provocativo.

    Os cães podem latir por medo. Nesse caso as orelhas ficam voltadas para trás, coladas no topo do crânio, seus pêlos dorsais ficam eriçados, ele recua e estão sempre prontos para fugir. Estes cães são perigosos no momento em que o agente ameaçador se volta de costas. Se a ameaça for muito grande poderão, vendo-se em perigo de vida, lançar-se ao ataque numa atitude derradeira de vida ou morte. A utilização do latido, nesse caso, é uma tentativa extrema para demover o inimigo da luta e convencê-lo da retirada.


Características dos latidos:

Latidos de duração média, contínuos, em tonalidade moderada a grave - tentando alertar a matilha ou família para um estranho que se aproxima.

Latidos de duração média, contínuos, em tonalidade moderada a aguda, quase uivo - característicos dos huskies e akitas quando confinados por longos períodos.

Latidos curtos, contínuos, em tonalidade moderada - tentando alertar a matilha ou família que um estranho está próximo ou entrando no território.

Latidos curtos, contínuos, em tonalidade moderada, volume alto, sempre em presença do proprietário - manifestação de estresse, ciúmes e insegurança, diante de outros cães.

Latidos curtos, contínuos, em tonalidade aguda, volume alto, exibindo parcialmente os dentes - tentando, com insegurança, assustar o agressor hierarquicamente superior.

Um só latido curto e seco, em tonalidade aguda - é uma forma de pedir ou de exigir algo. Pode ser repetido, caso a pessoa não atenda a solicitação, mas seu significado está contido neste único latido. Alguns cães usam o latido único curto e seco diante da porta tentando expressar sua vontade de sair ou em presença de um brinquedo ou petisco que deseja ganhar etc. Pode ser, também, um latido de alegria quando percebe que vai passear. Nesse caso, fica agitado rodando e correndo em círculos e repetindo várias vezes.

Um só latido curto e seco, em tonalidade moderada a grave, volume bem baixo, normalmente terminando em suspiro (wáofffff !) - é um ensaio para iniciar o latido único, curto e seco, em tonalidade aguda.

Um só latido curto e seco, em tonalidade moderada a grave, volume alto, normalmente terminando em suspiro (wáofffff !) - é uma espécie de “chega prá lá!” ou “sai fora!”; tentativa de avisar que algo o está incomodando.

Um ou dois latidos curtos e secos, tonalidade moderada - chamando a atenção para si. Um modo de saudação.

Latidos curtos, insistentes por longos períodos, com intervalos de moderados a longos - resultantes de solidão por longos períodos de confinamento. Procura de contato. Revelam necessidade de companhia.

Latido com balbucio inicial, em tonalidade moderada (arr...wáof !) - um convite à brincadeira. Normalmente, abaixa a frente mantendo as patas anteriores esticadas e encostadas no chão com a garupa alevantada. 

Latidos emendados, sem intervalo, em tonalidade crescente - composto de uma série de latidos ininterruptos, semelhantes ao uivo, que revelam um estado emocional de estresse, muito medo, levando às vezes ao ganido e a urinar-se.

Latidos em seqüência, de duração média, tonalidade moderada a aguda, volume alto, emendados acompanhados da contração dos músculos orbiculares da comissura labial - como se ele tentasse pronunciar o “U”, revela insegurança; o cão faz “biquinho”.


O Rosnar
    É sempre uma advertência! O rosnado é uma forma de dizer que não está gostando da situação e, também, que se continuar vai morder.

    Quando o rosnado é acompanhado da contração dos músculos orbiculares da comissura labial, como se ele tentasse pronunciar o “U”, revela insegurança.

Rosnadela abafada, com os dentes escondidos - revela que está começando a ficar irritado com a atitude do outro.

Rosnadela suave, grave, com os lábios esboçando exibir os dentes - suave ameaça. Normalmente o adversário, recua.

Rosnadela-latido em tonalidade grave - exibindo completamente toda a arcada anterior inclusive os caninos, revela um cão seriamente aborrecido, atingindo seu limite de tolerância, prestes a atacar. Às vezes, quando rosna latindo, o cão produz espuma na boca, dando a impressão de mais irritado.

Várias rosnadelas-latido em tonalidade moderada - característica de cachorros brincando de luta. Apesar de soarem como uma briga entre cães o resultado é sempre uma alegria da brincadeira e nada de grave acontece.

Rosnadela-latido trêmula em tonalidade média-aguda - tentativa de um cão, com sua autoconfiança baixa, de convencer o adversário a bater em retirada, caso contrário, partiria para a luta.

Rosnadela oscilante, mesclada com choro-latido - emitida por um cão de baixíssima autoconfiança em razão de uma agressão iminente.


Outras Verbalizações:

Ofegar - aquela respiração rápida, com a boca aberta e a língua pendurada. Denota excitação, alegria, vontade de brincar se a comissura labial estiver levantada ou cansaço após um trabalho prolongado se a comissura labial estiver caída.

Resmungar - é uma mistura de latido com um uivo tremido. O cão está inseguro, queixa-se de alguma coisa: dor pouco intensa, mas contínua; tristeza; ansiedade; preocupação com alguma coisa. Espera ser atendido. Se não for entendido começará a latir.

Choramingar baixinho - emitido por um cão ferido, assustado ou com dor de barriga. Lembra a manha de filhote.

Dar uma choradinha em volume alto e de maior duração - denota ansiedade, quer conseguir alguma coisa: um osso, comida, um brinquedo etc.

Suspirar - têm mais ou menos a mesma conotação dos suspiros humanos. Quando conseguem descansar, quando atingem um objetivo, quando o perigo passa etc.

Bocejar - tem o mesmo significado do bocejo humano. Às vezes até nos contagia. Outras, o bocejo é até acompanhado de um espreguiçamento. Quando o bocejo é muito profundo, chegam até a tremelicar.

Gemer - também chamado de choro indica que o cão está sofrendo: cólicas, dores lancinantes, latejamento, frio.

Gemer prolongadamente - indicam dor, constante ininterrupta e moderada, mas difícil de suportar.

Gemer de prazer - emitido, quando o cão está sentindo um enorme prazer, por exemplo, quando se lhe coçam os ouvidos, o peito ou a barriga. Às vezes o cão ajuda com a pata posterior e o gemido sai ondulado por causa dos movimentos das patas.
  
Ganir - exatamente como o nosso grito, revela dor intensa, aguda ou um susto muito grande.

Dar um só ganido bem curto em tonalidade aguda - manifestação de dor aguda repentina, inesperada.

Dar uma série de ganidos - uma resposta ao medo intenso ou à dor muito forte.

Dar um latido-ganido repetitivo terminando em uivo prolongado - é, na realidade, o próprio uivo que se inicia. Depois desse ensaio todos os cães da vizinhança respondem apenas com o uivo.

Uivar - é o meio canino de comunicação de massa (com a alcatéia). É o mesmo sinal que o lobo líder usa para reunir a matilha. No momento em que um começa todos respondem. É uma forma de se fazer ouvir numa distância de vários quilômetros para se comunicar com os outros da espécie.


As Orelhas

    Cada raça tem um porte característico das orelhas: eretas, semi-eretas, semicaídas, portadas dobradas e caídas rente às faces e pendentes.

    Através do movimento das orelhas os cães revelam seus sentimentos, expectativas e anseios.

    Para compreender o conteúdo expressivo do movimento das orelhas é importante saber que, na escala de importância dos sentidos da espécie canina, a audição fica em segundo lugar, em seguida ao olfato e à frente da visão.

 A concha acústica tem diversos tipos de movimento:
1. rotação em torno do eixo vertical - com esse movimento a concha, como um radar, procura a direção da fonte sonora.

2. elevação da base - elevando a base o cão consegue maior acuidade auditiva. Quando o cão percebe um ruído diferente e precisa descobrir o que é. Atenção!

3. abaixamento - movimento que reduz a capacidade de percepção do som quando o cão está preocupado, assustado ou com medo.


Cães de orelhas empinadas:

Empinar rigidamente e direcioná-las para a frente - atenção total, curiosidade.

Empinar, mas manter relaxadas - cão distraído, trabalhando ou exercitando.

Empinar e direcioná-las para trás, ligeiramente inclinadas - atenção em algum ruído vindo de trás, atenção em duas coisas ao mesmo tempo.

Portar orelhas baixas, para trás e achatadas contra o crânio - demonstra uma grande preocupação, timidez, submissão.


Cães de orelhas caídas:

Portar as bases levantadas e as conchas tendendo à frente - atenção total, curiosidade.

Portar as bases levantadas, mas as conchas relaxadas - cão distraído, trabalhando ou exercitando.

Portar as bases levantadas e as conchas direcionadas para trás e ligeiramente achatadas contra a nuca (em rosa) - atenção em algum ruído vindo de trás, atenção em duas coisas ao mesmo tempo.

Portar as bases abaixadas e as orelhas achatadas contra o pescoço - demonstra uma grande preocupação, timidez, submissão.


Os Olhos

    Não têm, claro, a mesma expressividade dos olhos humanos, mas falam bastante ao nosso intelecto.

    Um cão sempre sabe quando você está olhando para ele. Sabe também quando você ou outro animal está tentando evitar o olhar direto. Pelo olhar, seu cão sabe se você o está encarando, enfrentando ou indagando.

    O ato de encarar, para um animal, representa o desafio máximo, o enfrentamento. Assim pode-se fazer um teste de temperamento só olhando dentro dos olhos do cão. Por outro lado, você também pode saber, pela maneira de olhar, se o cão está tranqüilo, excitado, calmo ou irritado... se vai ou não morder.

    Certas raças têm, até no padrão, a definição de “olhar suplicante”. Esse “olhar de tadinho”, que consegue “comprar” qualquer dono incauto, tem um poder de sedução inimaginável, inclusive entre os animais. Quando o cão olha para você e inclina a cabeça para um lado e depois para o outro, tentando entender o que se está falando com ele... não há quem resista.

Olhar fixo - o cão está muito interessado.
Olhar sonolento - o cão está muito pouco interessado.
Olhar de soslaio - o cão, desconfiado, não consegue olhar diretamente nos olhos.
Olhar de baixo para cima - o cão está desconfiado. Quando deitado, com a cabeça entre as patas anteriores, é um olhar de preocupação e expectativa pelo que poderá acontecer.


A Boca
    As funções e a expressividade da boca dos canídeos é completamente diferente da dos humanos, capazes de articular palavras.

    Com a boca, os cães transportam seus filhotes, apanham objetos, destrinçam o alimento e até vocalizam alguns sons.

    Como a boca dos canídeos contém sua arma, ferramenta e talheres, um dos gestos mais típicos é o levantar dos lábios para facilitar o uso desses instrumentos. É como, para nós, arregaçar as mangas. Se não os levantassem correriam o risco de morder os próprios lábios.

    A comissura labial (canto da boca) tem uma importância capital na expressividade dos lábios. Quando seus músculos se contraem, como no uivo, revelam insegurança.

Levantar ligeiramente os lábios de maneira trêmula e insegura, com a boca quase fechada, exibindo, apenas, alguns incisivos - antes de iniciar o rosnado, o cão demonstra, com nitidez, que algo não está lhe agradando e está lhe aborrecendo.

Levantar os lábios, com a boca entreaberta, exibindo incisivos, caninos e algumas rugas na cana nasal - às vezes acompanhado de rosnado, é um indício evidente que está no seu limite de controle e que alguma reação está por se completar.

Levantar os lábios exibindo inclusive as gengivas, com rugas acentuadas na cana nasal - é o último gesto antes de morder. Nesse momento, se o adversário abaixar o olhar e virar a cabeça, afastando-se lentamente, o enfrentamento cessa instantaneamente.


A Cauda
    É uma fantástica fonte de informação para que possamos perceber seu estado emocional:

- Quando alegre, balança junto com a garupa;

- Quando excitado, vibra como um diapasão;

- Quando aflitiva, balança rápido, mas descoordenada, com a garupa, esbarrando em tudo que está por perto;

- Cauda empinada, imóvel, cão em atenção.

    Ressalvando os cães cujo porte da cauda é uma das características de sua raça, o posicionamento é um importante indicador de suas emoções.

Portar a cauda quase horizontal, apontando direto para trás - posição característica dos cães de caça de aponte. Revela a descoberta da presa.

Portar a cauda ligeiramente acima da horizontal - cão excitado em situação de disputa de liderança ou iniciando o jogo de sedução que precede o acasalamento, normalmente a cauda treme ligeiramente.

Portar a cauda a 45º, entre a horizontal e a vertical - semelhante ao porte ligeiramente acima da horizontal, mas com total autoconfiança. Normalmente utilizada para desfilar após ter ganho a disputa da liderança.

Portar a cauda erguida na vertical e ligeiramente encurvada para a frente: semelhante ao porte em 45º, também com total autoconfiança. Característico dos cães dos terrieres e dos sabujos.

Portar a cauda pendente, oscilando lateralmente: revela tranqüilidade, normalmente usada quando o cão está relaxado.

Porte pesadamente pendente, sem oscilar: o cão está inseguro quanto ao está para acontecer... uma disputa de liderança, um invasor muito próximo...

Colocar a cauda entre as pernas - revela muito medo. Nesta situação o cão pode urinar-se, ficar absolutamente sem reação ou tentar esconder-se.

Abanar ligeiramente a cauda - quando o cão está feliz, recompensado com a atenção reivindicada.

Abanar fortemente a cauda - revela alegria, felicidade intensa, quando o cão está brincando. 

Abanar lentamente a cauda, ligeiramente erguida - gesto observado quando você está pacientemente tentando explicar algo, o cão está atento, mas sem entender. Foi observado também que, quando o cão entende, muda o ritmo do balanço (Stanley Coren).

Ao contrário do que muitos autores sugerem, o abanar da cauda não tem a intenção de comunicar algo. É uma reação instintiva que revela satisfação e alegria diante de um estímulo prazeroso. Como normalmente um estímulo prazeroso é sempre oferecido por outro animal e, por isso, jamais acontece quando o cão está desacompanhado, a interpretação desse gesto pode ser erradamente conduzida para um sinal de agradecimento.